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Confira a nossa nova apostila de formação

Atualizado: 29 de mai. de 2020

Confira a publicação em inteiro teor abaixo ou clicando neste link:

Se está enfrentando dificuldades, segue conteúdo escrito:









 

Apostila de Formação - Sociologia em Movimento


Pedimos licença à língua portuguesa, mas estamos usando pronomes no feminino e isso se trata de uma escolha consciente do grupo, não de um erro de gramática.




Quem somos?


O Sociologia em Movimento é um projeto de extensão universitária criado por estudantes do curso de Ciências Sociais (USP) cuja a principal atividade é a realização de oficinas com temáticas das Ciências Sociais em escolas públicas. Com isso, o projeto visa contribuir com a formação de futuros professores e professoras e também colaborar com os processos de reflexão de alunos de ensino médio, de modo concomitante.

Sarau realizado com educandas do projeto e em pé uma educadora.

Partimos da teoria sociológica sobre educação, de que existe uma estrutura escolar que falha com quem não possuem predisposições compatíveis com ela, valendo-se disso e com o objetivo de romper a hierarquia entre educadores e educandos, o princípio que baseia as atividades desenvolvidas no projeto é o da horizontalidade dos conhecimentos, e é isso que em nossa concepção as oficinas diferem de uma aula tradicional.

Além disso, estamos em um cenário em que é necessário lutar pela extensão como uma prática ativa da universidade, a fim de derrubar o muro que divide a sociedade da bolha universitária, sem deixar de lado o compromisso ético de construir conhecimento de maneira dialógica e coletiva, norteados principalmente por Paulo Freire. Dessa forma é possível se engajar na luta em uma esfera maior pela escola pública de qualidade, apoiando e participando dos debates acerca do assunto e mobilizando-se pelo ideal de que a educação não deve ser nem formadora, nem conformadora, mas sim transformadora.


Nossas bases teóricas


Quem foi Paulo Freire?


Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi um educador, pedagogo e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na hisstória da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

O objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.


Nossa concepção


Entendemos Paulo Freire e sua ideologia como um instrumento de mudança e transformação social. O que acreditamos é que a educação crítica que mostra ao educando seu lugar no mundo e as relações sociais que constituem sua vida fazem parte de uma estrutura que favorece o “Opressor”, aquele que pertence à classe dominante.

Essa consciência crítica dessa estrutura nos permite nos reconhecermos enquanto “Oprimidos” e passarmos a enten-

der e reverter o status quo, nos libertando e libertando todos em comunhão. A educação libertária baseia-se nessa conscientização e promove a luta pela humanização de todos.


Educação bancária


A percepção do que seria uma educação bancária, está ligada à uma analogia com o ato de “depositar conhecimento” em alunos. Em moldes gerais, os modelos de educação predominantes em escolas, universidades e instituições de ensino como um todo, são modelos que reproduzem a educação bancária. Esse tipo de prática usualmente desconsidera os conhecimentos que cada aluno possui em sua experiência prévia de vida e anterior à escola. Essa maneira de educar preza apenas pelo conteúdo e tem bastante a ver com uma mercantilização da educação, considerando-se que a educação tem sido via da formação de mão-de-obra que alimenta o sistema capitalista.

Isso é tudo o que queremos evitar nas nossas oficinas.


Oprimido e opressor


Na concepção Freiriana, oprimido e opressor encontram-se em extremos opostos de um sistema de organização social. Nesse arranjo, o opressor se mantém em seu status às custas de uma ideologia. Essa ideologia é disseminada em todos os campos que circundam o oprimido. O oprimido, dessa maneira, possui necessidade de uma ideologia que revolucione suas percepções de mundo, dando cabo à ideologia do opressor. O objetivo da pedagogia de Freire é tocar justamente o oprimido, aquele que é constantemente fragilizado em diversas instâncias para que não tome consciência das problemáticas que o cercam.

Nota-se que Paulo Freire faz uma leitura marxista da educação, pensando que a dominação de classe se reproduz inclusive nas instituições de ensino.


Educação libertadora


Em contraposição ao modelo de educação bancária, Paulo Freire defende uma abordagem dialógica da educação. Isso significa romper com a hierarquia entre educadores e educandos, no sentido de promover um espaço igualitário de diálogo que favoreça a construção coletiva do conhecimento e que valorize as mais diversas formas e expressões do saber.

Trabalho de campo em que trouxemos as educandas para a USP.

Uma educação que promove libertação, pode ser percebida enquanto uma educação que em alguma medida emancipa os indivíduos de sua antiga condição para um plano mais amplo de percepção da sua realidade. Um mito que circula o imaginário social é o de que a escola seria capaz de promover essa libertação, no entanto se faz necessário considerar que, em linhas gerais, as instituições de ensino se encontram permeadas de ideologias que seguem a serviço de um opressor como postula Paulo Freire. Logo, a educação seria a via mais libertária, pois ela não está presa à instituições e ideologias e pode se dar das mais variadas formas, inclusive prezando pela libertação de moldes opressores de educação.


Na sala de aula


Atualmente, a E.E. Rosa Bonfligioli nos dá anuência de uma sala de aula com equipamentos de vídeo, durante duas horas nas tardes de quarta.

Sabemos o quão privilegiadas somos nesse sentido e por isso reiteramos que não formamos professoras regulares, mas sim uma experiência pedagógica alternativa o que (evidentemente) ajuda muito na formação de uma professora.

Fisicamente, preferimos a sala em anfiteatro ou seja, em roda, nunca usamos o modelo de platéia (normal).

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” - Paulo Freire

Gestão.


Autogestão, autonomia e colaboração:


Essas três palavras são de extrema importância para o grupo, pois são as diretrizes que orientam as engrenagens que atuam no plano de fundo da prática pedagógica, ou seja, além de serem essenciais para o funcionamento, garantem que as oficinas e atividades sejam o melhor que podemos fazer alinhados as concepções originais do grupo.


Autogestão


O principio da autogestão tem raizes no pensamento anarquista, para a maioria das pensadoras e pra gente esse principio consiste na administração de um organismo pelas suas participantes, em regime de democracia direta, dessa forma procuramos eliminar as hierarquias, seus resquicios e alguns mecanismos capitalistas de organização. Assim todas participam das decisões administrativas em igualdade de condições, o que estimula a criatividade e mantém o grupo unido e focado no crescimento do projeto.

Mas para que todas possam participar de maneira realmente igualitária é primordial desenvolver a autonomia individual e do grupo.


Autonomia


A autonomia o é um conceito primordial que levamos para a sala de aula e para nossa gestão. O grupo é orientado pela Prfa. Dr. Márcia Gobbi que nos dá apoio pedagógico e institucional, temos em torno de 4 reuniões com ela ao ano, além do

acompanhamento pelos grupos e mídias sociais, isso permite que mesmo com supervisão o grupo tenha total autonomia em seu funcionamento.

Além disso, a autonomia política é um dos pilares fundamentais do grupo, apesar de sermos financiadas pela USP e pelo CeUPES, não temos contato com qualquer gestão ou grupo político. Isso serve para manter o grupo no seu foco: promover educação transformadora.

Mas de nada serviria se não estimulassemos a autonomia das membras e educandas, o que tentamos considerar em todos aspectos.


Colaboração


A gente se chama de família não à toa. A colaboração é um meio de relação interpessoal que além de fazer com que as atividades do grupo sejam mais prazerosas e que o trabalho do grupo não seja uma responsabilidade pesada para ninguém, faz com que as atividades sejam mais fluidas e que o público, as alunas e a comunidade USP perceba como a docência pode ser divertida e mesmo assim séria e comprometida.

A gente também acha que a colaboração leva a um diálogo melhor o que é a forma mais prática e que gera melhores resultados, evitamos sempre votações, quando temos uma discordância geral fazemos formações teóricas sobre o problema e outras formas mais humanizadas de resolução e funcionamento.

Mais.


Atribuição


Uma hora a gente aprende, depois de muito tempo deixando as atividades do grupo abertas para todas fazerem, nos deparamos com um problema: as vezes ninguem as fazia esperando outras pessoas se voluntariarem.

Agora começamos com uma polItica de sempre atribuir as responsabilidades no ato da discussão dos assunto. Assim tivemos uma melhora na questão de agilidade e eficácia das atividades.

Mas não se preocupe, tudo é conversado e atribuido com calma e o com o máximo de equidade, inclusive levando em conta recortes de gênero e etnia.


Bolsas


A gente geralmente recebe algumas bolsas da USP via PUB (Programa Unificado de Bolsas) e o grupo decide a quem serão atribuidas.

Nós consideramos a vunerabilidade socioeconomica, necessidade individual de apoio (especialmente com opressões) e tempo e dedicação ao grupo para atribuir as bolsas.

Também recomendamos a todas membras que se inscrevam no PUB, para que caso uma das bolsas fique vaga outras pessoa possa assumi-la.

Hoje cerca de 75% do grupo recebe bolsas de estudo pelo SeM.

 

Fontes:

Wikipédia/ Nova Escola

Escrita:

Heven Carneiro, Midria Silva, André Scerb e Ricardo Freire

Diagramação:

Ricardo Freire


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