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Oficina: A Influência familiar na concepção de gênero

A convite da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP, participarmos da V Edição da Jornada de Gênero e Sexualidade, assim, elaboramos a oficina "A influência familiar na concepção de gênero", com o intuito de trabalharmos o conceito de gênero e sexo nas áreas de debate de "Cultura ou Natureza", além de debater a imposição do dimorfismo sexual como condição para um corpo "normal".

 

Objetivos da oficina:

  • Compreensão da influência da família na formação de gênero e sexualidade da criança mesmo antes do nascimento;

  • Diferenciação de sexo e gênero a partir das concepções de natureza e cultura;

  • Identificação da demanda de coerência da aparência (sexo) e a essência (gênero);

  • Análise da imposição do dimorfismo sexual como condição para um corpo normal;

  • Análise do poder médico sobre a definição de sexo/gênero.


Recursos necessários:

  • Acesso ao projetor da sala (projeção dos acontecimentos) / Lousa

  • Cartolina (Recomendamos parti-las ao meio) / Impressão da linha do tempo

  • Balões

Preparando os balões


Os balões representam os bebês;

  • Pensando em uma turma de 40 alunos, serão necessários 8 balões e 16 etiquetas; (grupos de 5 alunos)

  • As etiquetas serviram para informar o sexo biológico do bebê;

  • Separe-as da seguinte forma: 2 para genitália masculina; 3 para genitália feminina e 3 genitália indefinida/ambígua; (altera da forma como preferir, mas respeitando o mínimo de 2)

  • Coloque uma etiqueta dentro de cada balão (recomendamos balões de diferentes cores);

  • Repita o processo para as outras etiquetas (2º lote), o segundo lote de etiquetas servirá para etapa do "ultrassom";

  • Então faça assim, se o "balão verde" tem a etiqueta com a genitália masculina, faça com que a etiqueta do "ultrassom" desse balão tenha um resultado oposto;

  • Atenção, mantenha pelo menos 3 balões sem mudanças;


 

Vamos à pratica


Atenção Professor(a)! A oficina trabalha com um tema sensível, nesse sentido, pedimos que faça um acordo entre os alunos para que evitem manifestação de preconceito e intolerância.

"Estamos falando de gênero, um assunto delicado que pode trazer a tona preconceitos que vemos ou vivemos nos dia-a-dia, é muito importante que tentemos não reproduzir estes com nossos colegas ao longo da oficina."


Permita que os alunos se sintam confortáveis para demonstrar qualquer tipo de desconforto, e que isso possa ser conversando posteriormente.


Breve explicação para os grupos (Tempo estimado 5 minutos)


Peça aos estudantes que formem grupos (recomendamos o máximo de até 5 pessoas), posteriormente, explique que cada grupo será uma família e que terão que reagir a diferentes situações que irão ocorrer ao longo do tempo de uma gestação e nascimento, tendo cada um uma linha do tempo na qual irão registrar os respectivos acontecimentos.


1º Acontecimento - Gravidez (Tempo estimado 10 minutos)

  • Os estudantes irão criar um nome fictício para a família deles;

  • Posteriormente, irão selecionar quem seria a pessoa grávida;

  • Por último, peça que os outros familiares indiquem o parentesco com a pessoa grávida.


2º Acontecimento - Ultrassom (Tempo estimado 10 minutos)

  • Entregue os balões para as famílias; (Não deixe que estourem)

  • Ocorreu problemas técnicos com a máquina de ultrassom. Peça aos estudantes que escolham três nomes para o feto, indicando qual o preferido entre eles, sem eles saberem os resultados.


3º Acontecimento - Resultado (Tempo estimado 5 minutos)

  • Entregue aos alunos as etiquetas (2º lote) com o resultados;


4º Acontecimento - Chá de bebê (10 minutos)

  • Peça para as famílias montarem um convite de chá de bebê que incluirá o nome (repensado, ou não, a partir das expectativas anteriores) e presentes: roupas (cores e tipos) e brinquedos para o bebê.


5º Acontecimento - Nascimento (10 minutos)

  • Peça para as famílias estourarem o balão;

  • Em cenário hipotético segue os resultados:

    • Dentre os dois bebês identificados com genitália masculina um realmente possui genitália masculina e o outro é intersexo (tem uma “genitália ambigua”);

    • Dentre os dois bebês identificados com genitália feminina um realmente possui genitália feminina e o outro é intersexo (tem uma “genitália ambígua”);

    • Dentre os dois bebês identificados com genitália indefinida um possui genitália masculina e o outro feminina.

  • É oferecido pelos “médicos” para as famílias que tem bebês que nasceram intersexo se elas irão querer realizar uma cirurgia de redefinição de sexo com os bebês para transformar sua genitália em feminina/masculina. De maneira a permitir que sejam criadas como meninas/meninos e, portanto, se tornem mulheres/homens.

Discussão


Realizar uma discussão com os alunos após os estimados 50 minutos de dinâmica, passando por cada ponto da linha do tempo com os respectivos temas:

  • Gravidez: cada pessoa apresenta seus respectivos papéis dentro da família.

  • Ultrassom: cada família apresenta os nomes que escolheu e o de preferência.

  • Chá de bebê (junto ao resultado): ocorreu mudança de nome no convite do chá de bebê (já depois do resultado), o nome de preferência foi abandonado? Se sim, por que? Quais foram a escolha das respectivas roupas e brinquedos? Elas se relacionam com o bebe ser esperado como “menino” ou “menina”?

  • Introdução da noção de sexo (ligado à natureza, como nascemos) e gênero (ligado à cultura, criação). Refletir como as expectativas de gênero já estão completamente presentes antes mesmo do nascimento das pessoas, e pensar na demanda de coerência entre os dois (por exemplo nas adequações que podem ter sido feitas de nome, roupas e brinquedos com o respectivo genital do bebê).

  • Nascimento: como as famílias lidaram com a genitália que apareceu na nascença, como as famílias que tiveram os bebês intersexo lidaram, fizeram a cirurgia? (se sim, por que a necessidade de adequação do sexo? Se não, por que não?)

  • Refletir sobre a importância da genitália na definição de gênero. Questionar as noções de natureza e cultura, a partir da natureza de intersexuais que não é dimórfica e pela produção de uma natureza por padrões culturais (de gênero) divididos entre masculino e feminino (lembrar da frase falada pelo “médico” ao oferecer a cirurgia de readequação de “De maneira a permitir que sejam criadas como meninas/meninos e, portanto, se tornem mulheres/homens”). Pensar nesse nome da cirurgia de “readequação” e no genital "ambíguo", e como essas concepções expressam o que é normal e o que não é, que corpo é considerado saudável e qual não é.

 

Experiência da aplicação


1 - Sentimos que leva um tempo até os alunos se organizarem e explicar o que vamos aplicar, mesmo com as mesas já posicionadas para aplicação. Assim, a oficina não consegue ser aplicada em somente um horário de aula normal, necessitando de duas sequenciais.


2 - Com o pouco tempo que sobrou para a discussão, o grupo sentiu que a explicação sobre sexo e gênero e suas áreas de pertencimento natureza e cultura, respectivamente, ficou empobrecida, ficando algo muito abstrato, reforçando a necessidade de aulas sequenciais para aplicação.


3 - A oficina foi desenhada para ser aplicada a partir do fundamental 2.


4 - Como esperado, existiram grupos mistos e de mesmo gênero. Os grupos mistos levaram a oficina sem muitos problemas, assim como o grupo só de meninas. Mas os grupos compostos só por meninos teve percalços durante a aplicação, sentiram dificuldades em decidir que seria a pessoa grávida e como seria a rede de parentesco. Ademais, um dos grupos teve um membro proativo, o que garantiu que a atividade ocorresse sem problemas, mas só ele estava atento o desenrolar da atividade. Enquanto isso, o outro grupo todos os membros estavam muito aéreos e incomodados, precisaram de alguém próximo a eles durante toda à atividade.


5 - Alguns balões se mostraram transparentes, e as etiquetas não foram bem seladas, então alguns grupos conseguiram observar o sexo de nascimento do bebê em fase muito prematura da atividade. Recomendamos dobrar bem as etiquetas (colocar cola na ponta talvez?!).


6 - Alguns grupos ficaram brincando com o balão, o que trazia risco iminente de estouro do mesmo. Então sempre lembre-os que o balão é "filho" deles.


7 - A professora que supervisionou a aplicação da oficina, sugeriu que os alunos pedissem para os pais para verem as fotos de quando eles eram bebês, fotos do chá de bebê, e observarem como a família se preparou para recebê-los.


 

Chegamos ao fim, esperamos que a temática da oficina tenha sido interessante e que consiga aplicá-la sem grandes percalços.


Qualquer dúvida, entre em contato por:


Instagram - @socioemmovimento


 

Anexos e Recomendações


Slide para projeção

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Linha do tempo para impressão

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Recomendamos que utilize a linha como modelo de exemplo


Leituras:


LEITE, Vanessa. Em defesa das crianças e das famílias: refletindo sobre discursos acionados por atores religiosos "conservadores" em controvérsias públicas envolvendo gênero e sexualidade. Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana, n. 32, pg. 119-142. Ago. 2019. Disponível em: www.sexualidadsaludysociedad.org


A sexualidade na educação infantil (livro eletrônico). Organizadores Ana Cláudia Néri Bastos, Éder José de Lima - São Paulo, SP: edição do autor, 2021. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease


CORRÊA, Sonia. A " política do gênero": um comentário genealógico. Cadernos pagu, n 53. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530001


OLIVEIRA RODRIGUES, Sylvia Regina de. Estratégia lúdica para a aprendizagem da diversidade de arranjos familiares na infância. Dissertação (Mestrado profissional em Educação Sexual) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" Faculdade de Ciências e Letras (Campus de Araraquara), 2018.


Caderno Escola sem homofobia.


Assis, Tatiana Aparecida de. Sexualidade:O desafio dessa questão na educação infantil.


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